MUNDIAL DE DOHA: história com chave de ouros!!

07/12/2014 14:42

Erros fazem parte da vida de qualquer jornalista. Este que vos fala excluiu o texto revoltado que fez nesta sexta-feira após a prova dos 50 livre, onde falamos, entre outras coisas, que a Era de César Cielo (Minas/Arizona) acabou. Não acabou MESMO! E hoje, foi comprovado isso, quando ELE faturou os 100 livre com 45.75. O carrasco Florent Manaudou, vencedor nos 50 livre, desta vez só ficou com a prata, após parar o relógio com 45.81. O russo Danila Izotov completou o pódio, com 46.09. João de Lucca (Pinheiros/North Carolina) até começou bem, mas se cansou e ficou em sétimo, com 47.05.

Claro que, ao ouvir o nosso Hino, ELE chorou. Não é para tanto. Após a "derrota" nos 50 livre, muitos - inclusive este mal-informado que vos fala - acharam que ele se deixaria levar pelo resultado. Mas não foi isso que aconteceu. Ele levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, com toda moral de Paulo Vanzolini. "Eu não esqueci os 50m livre, eu aprendi com isso. Um dia você ganha e outro você perde. O importante é fazer o melhor o tempo inteiro. Minha decepção foi que, embora não ia ter vencido e nem batido o recorde Mundial, como o Manaudou, acredito que tinha uma prova melhor dentro de mim. Desta vez imaginei que ele travaria no final, mas queria um pouco mais do que ele", disse ao SporTV.

E este repórter aproveita para pedir desculpas à toda comunidade aquática brasileira. Não sou nenhum Pussieldi, às vezes falo muita m..., mas nunca, jamais, em hipótese alguma, duvidarei de qualquer nadador, brasileiro ou mundial. Por jamais ter sido atleta, às vezes esqueço que tem dias, para qualquer nadador, que de noite é assim mesmo. Vamos em frente.

Após Cielo, a história tinha de ser feita. Todos esperavam uma medalha para Etiene Medeiros (SESI) nos 50 costas, de qualquer cor. Mas o dia foi tão abençoado que veio muito mais do que isso: o primeiro ouro feminino em Mundiais de Natação desde Maria Lenk, e com direito a RECORDE MUNDIAL: 25.67, três centésimos abaixo da marca anterior, da Sanja Jovanovic (CRO), do tempo dos trajes. "É muito esforço para estar aqui. Eu estava muito nervosa. As pessoas criam expectativa, e você tem que aprender a lidar com a pressão. Acho que tenho muito a agradecer a todo mundo. Minha família está toda aqui na arquibancada", comemorou a pernambucana, que vai para a história.

E quem também faz história é Felipe França (Corinthians), que veio disposto a mostrar que não veio a Doha à passeio após vencer os 100 peito e os revezamentos 4 x 50 medley misto e masculino com o Brasil. Com a melhor saída e uma virada inapelavelmente perfeita, o Nadador de Cristo voou para vencer com novo RC os 50 peito: 25.63, deixando para trás Adam Peaty (GBR) e Cameron Van Der Bergh (AFS), que dividiram a prata com 25.87. "Essa competição foi exemplar para o meu retorno após Londres, mas creio que tem mais por vir. Vamos lutar para que em Kazan, no Mundial de Piscina Longa, consiga ser mais um degrau rumo ao Rio", disse ele, exultante. Felipe é, junto com Manaudou e Chad Le Clos (AFS), o destaque masculino desta jornada. João Luiz Gomes Júnior (Pinheiros) fez o oitavo tempo, 26.39. "Não deu para mim, mas é colocar a cabeça no lugar para melhores resultados na piscina longa. Meus resultados de curta não são tão bons quanto os de longa", disse.

E PRA TERMINAR...
A chave de ouro não poderia ser melhor... no revezamento 4 x 100 medley deles, o Brasil disputou cara a cara com EUA, França, Austrália e até Grã-Bretanha, mas Guilherme Guido (Pinheiros), Felipe, Marcos Macedo (Minas) e ELE souberam controlar bem suas provas e com um final empolgante, levaram o Brasil ao título mundial geral em Doha, com 3:21.14, deixando os Yankees em segundo e a França em terceiro. "A gente treina muito, a gente sofre muito, e acredito que este resultado é fruto dos nossos esforços", disse Felipe. E tenho certeza que os esforços brasileiros merecem ser recompensados!

Terminamos com 7 ouros, uma prata e dois bronzes, enquanto a Hungria, que, claro, não é só Katinka Hosszu, ficou com seis outros, três pratas e dois bronzes. E olha que não tivemos força máxima: Thiago Pereira, Nicolas Nilo Oliveira, Bruno Fratus, Graciele Herrmann, estes não vieram. Mas, tenho certeza que com eles, e com a nova geração que vem aí, e claro, com algumas melhoras, Kazan será pequena para tantas comemorações.

VIVA A NATAÇÃO BRASILEIRA!!

FLÁVIO BARBOSA (alguém pode me matar? - montagem com fotos de Satiro Sodré)